quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Patrimônio tombado... Tombando e pedindo socorro!

"Savério Leonetti, imigrante italiano, vindo da Calábria, que se instalou na capital gaúcha em 1913, na cidade de Porto Alegre-RS, no bairro Teresópolis, na Avenida Sergipe, nº.9 e montou a fábrica de discos, que tinha a etiqueta DISCO GAÚCHO, produzidos para a CASA A ELÉCTRICA, situada na Rua dos Andradas, 302, no centro da cidade que também era de sua propriedade. O lançamento do selo DISCO GAÚCHO foi registrado em 2 de julho de 1913, sob o nº.2230, na Junta Comercial de Porto Alegre e publicada no Jornal A Federação, de 4 de julho.
O início das gravações, feitas por Leonetti com propósito industrial, foi noticiada na edição de 7 de junho de 1914 do jornal Correio do Povo:“... já se acham prontas as instalações da fábrica de discos para gramofones dos srs. Leonetti e Cia. Será hoje iniciado o serviço de gravação com a banda de música do estabelecimento. Amanhã, deverá ser feita a experiência dos maquinismos. A fábrica dos srs. Leonetti e Cia. funcionará à rua Sergipe, no arrabalde de Teresópolis.” Antes mesmo da inauguração da fábrica, o movimento de gravação já era intenso. A imprensa, atenta à atividade pioneira de Savério Leonetti, noticiava tudo que acontecia.
Essa experiência consistiu na gravação de diversos discos, com discurso pronunciado por um dos presentes e com números de música executados por um quinteto da Brigada Militar do Estado. Assim que terminava cada parte, o disco era passado num aparelho em que se reproduziam, nitidamente, os sons apanhados. Os visitantes assistiram aos trabalhos de fundição dos discos, mostrando-se agradavelmente impressionados com o funcionamento das modernas máquinas do estabelecimento.”
Entre a inauguração da fábrica e os primeiros discos postos à venda não se passou mais de uma semana. 
 As instalações apropriadas para gravação e prensagem de discos, montadas pela Casa A Eléctrica, abriram caminho para conquista do mercado de língua espanhola na América do Sul, que foi uma das glórias gaúchas. E abriram auspiciosamente com a contratação de Francisco Canaro, o mais importante personagem musical do cenário platino, para a gravação do primeiro disco de tango da História. Com o selo DISCO GAÚCHO e o número 001, que se prensou e gravou “El Chamuyo, que no selo saiu interpretado por F. Genaro, ao invés de F. Canaro, numa das faces e El Desalojo, interpretado por A. Gentile, na outra. O Sr. Nuno Alvares Pereira de Almeida, de Porto Alegre, possui o disco da série 001.
A façanha de Savério Leonetti é quase inacreditável, levando-se em conta que Buenos Aires era, na época, uma das mais sofisticadas metrópoles da América e do mundo. Mesmo assim, a capital argentina não tinha uma gravadora e Porto Alegre, sim. O selo PHOENIX, lançado em 1914, também foi fabricado por Savério Leonetti, exclusivamente para a Casa Edison, de Gustavo Figner, em São Paulo. A Casa Edison tinha como objetivo a importação de gramofones e fabricação de discos musicais.
Os gêneros gravados foram: tangos, sambas, valsas, mazurkas, polkas, havaneiras, dobrados, modinhas, xotes, além de discursos políticos e arranjos cômicos. Dentre os grupos que gravaram para o selo Gaúcho, destacam-se: Infernal, Bailante, Choroso, Gaúcho, Terror dos Facões, Fanáticos, Lira, Chayense, Hamburguez. Dos cantores, destacam-se: Os Geraldos, Arthur Budd, Duarte e Sra. Augusta, Fred Bernardi, Pitoco.  Savério Leonetti também gravou músicas de artistas do Rio de Janeiro, de São Paulo e até de artistas estrangeiros. De acordo com o pesquisador Paixão Côrtes, já foram arrolados mais de 436 produções, sendo que em torno de 200 discos foram editados com gravação de apenas um lado (uma música por disco) e os outros discos continham duas músicas."
O texto acima foi retirado do link http://www.memoriallandelldemoura.com.br/radiod_biografias_saverio_leonetti.html e coloquei aqui exatamente para ilustrar a importância que A CASA ELÉTRICA teve na historia da musica não só no Brasil mas para America Latina. A casa onde este belo e visionário empreendimento estava localizado, na época um sitio fora da cidade, hoje , esta dentro da cidade e faz alguns anos foi  tombada pela prefeitura mas ainda não foi feito nada para recupera-la. 
Hoje existe uma mobilização de Amigos da Casa Elétrica tentando dar mais visibilidade a situação precária da construção que esta em ruínas e se não fizermos nada, não juntarmos forças e tratarmos de salvar este prédio que tem valor arquitetônico pois é uma bela casa antiga mas principalmente um valor histórico incalculável. No ultimo sábado foi organizado um abraço ao preio da Casa Elétrica a fim de mobilizar os vizinhos da casa e as autoridades pertinentes da urgencia que é fazer alguma pois a casa, como esta, não resistirá por muito tempo e depois que a casa estiver totalmente no chão não vai adiantar lamentar... uma parte importante da nossa historia ira ao chão junto com as madeiras e tijolos daquele prédio. Estive no local no sábado... é triste ver uma parte da nossa historia em ruínas. 
Os Amigos da Casa Eletrica conseguiram mobilizar um grupo de pessoas considerável, mas deviam ser muito mais além disso, é necessário repensar nossa politica de preservação do patrimônio histórico cultural, não adianta tombar prédios sem uma policita efetiva de apoio para a manutenção dos mesmos...assim como esta o destino de muitos dos prédios tombados pelo patrimônio histórico cultural é literalmente "tombarem" visto que os custos de preservação dos mesmos pelos proprietários é muito alto, quase inviável... seria interessante priorizar as leis de incentivo fiscal para este setor, facilitar ao máximo a captação de recursos para a restauração e preservação destes locais.
Infelizmente o prédio da Casa Elétrica não tem mais tempo para esperar... vocês verão... se não for feito algo  prédio não resistirá ao próximo inverno ou mesmo ao próximo temporal com ventos fortes... 

































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