sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Negro em Evidencia: semana passada foi repleta de atividades

O mês de novembro trás essa conotação de empoderamento negro e a semana que precede ao dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra estas atividades se intensificam... 



Na terça, dia 17 aconteceu o Concerto Ébano e Marfim, a proposta é defender o amor incondicional entre o ser humano e a música. A musica é a linguagem universal, ferramenta de ligação entre as diferentes etnias. A proposta é reunir cantores populares, líricos e sambistas, o concerto utiliza a musicalidade negra para interagir com a comunidade presente, resgatando e fazendo refletir sobre a falta de oportunidades no cenário musical e na vida. No nome do do projeto já existe uma realidade e uma intenção, o realidade é que no Brasil existe uma grande fusão de culturas e etnias, é um pais mestiço em toda sua manifestações culturais, religiosas, no idioma, no dia a dia...

Este é o quarto ano deste projeto que este ano veio com algumas novidades pois contou com uma Orquestra de Câmara formada pela convergência de músicos da OSPA e UNISINOS que contou com a produção musical e arranjos do contrabaixista Antonio Guaracy Guimarães sob a regência do maestro Marcelo Nadruz. A soprano Marguarite Silva Santos foi a idealizadora, produtora e coordenadora geral do concerto.













                                                                                                                                                        Fotos: James Santos


Na quarta-feira, dia 18, tivemos dois grandes shows... No Teatro do Sesc o grupo de percussão afro gaúcho Alabê Ôni apresentou o espetáculo do Projeto Alabem Brasileiro desenvolvido depois de dois anos de viagens e trabalhos por todo país dentro do Sonora Brasil do SESC. Nestas viagens o grupo interagiu com diferentes manifestações populares afrodescendentes e indígenas utilizando os tambores como interligação entre estas vozes. Com base nestes intercâmbios o grupo esta montando um documentário que deve ser lançado em 2016 e é a partir desta experiencia pelo Brasil que foi montado o espetáculo apresentado onde trouxe algumas dessas manifestações para interagir com os tambores gaúchos.

O show foi lindo...com algumas explicações sobre esta "conversas" entre os nossos tambores e os de outras regiões, cantos ritualísticos, poesia, dança e composições autorais do grupo, tudo em um cenário muito bem montado pelas mãos de de Nathaly Weber que deu ao palco do Teatro do SESC a cara do grupo e uma agradável sensação de estarmos entrando em um ambiente meio mistico e ritualístico mas muito aconchegante onde a iluminação em sua simplicidade do "menos é mais" ficou perfeita.
Além dos tambores e sua musica que eram os protagonistas de todo espetáculo onde o grupo contou com a participação do percussionista Cristiano "Tuti" Rodrigues,  teve ainda a bela participação da garotada da Orquestra Villa-Lobos e Carolinne Caramão... 





A dança foi um espetáculo a parte, afinal, como sentir as batidas de um tambor ou vários deles e não deixar o corpo se levar e elevar em suas batidas ...  Walter Pingo Mello Ferreira, ou apenas Pingo Borel dançou de tal forma que me deixou em total estado de encantamento e ainda tivemos a apresentação do dançarino nigeriano Ìdòwù Akiínrúlí, e ao final, para fechar o espetáculo as coreiras Nathaly Weber, Emanuelle Maia e Leticia Cardoso, iluminaram o palco com danças da tradição maranhense. Além de ser um belo e completo espetáculo a noite foi uma aula a história do tambores no Brasil ressaltando com isso a força , beleza e importância do negro e índio na cultura brasileira que é antes de qualquer coisa um país mestiço que não deve omitir isso de sua história, muito antes pelo contrário, deve se orgulhar disso...




Ainda com relação ao show do Alabê Ôni não posso deixar de mencionar a bela homenagem que, ao final do espetáculo a Orquestra Villa Lobos fez  tocando "parabéns pra você" a Carolinne Caramão que estava de aniversário naquele dia levando-a as lagrimas...quem ficou no Teatro um pouco mais teve a oportunidade de presenciar este belo momento
Foto :James Santos




Ainda na quarta-feira, dia 18, dentro do projeto Sarau no Solar, com parte integrante da Semana da Consciência Negra da Assembleia Legislativa a cantora Loma apresentou seu espetáculo "De onde eu Vim" onde acompanhada por Mario Cesar Tressoldi no violão e violas e Rodrigo Reis da Silva na percussão onde além de conversar com o publico sobre a situação dos negros no Estado e no Brasil contou musicas como Ventre Livre, Navio Negreiro, Suor e Sal e o resgate que tem feito da cultura maçambique no litoral gaúcho.  

Loma iniciou carreira em 1973 quando integrou o grupo Pentagrama que inovou ao mesclar samba e musica nativista, esteve um período no centro do pais onde participou de gravações de discos de grandes nomes da musica nacional. Ao longo de sua trajetória, Loma tem mais de 30 distinções como "melhor interprete", cinco discos gravados, desde 2002 integra o grupo "Cantores do Litoral" que divulga o legado afro-açoriano no RS, isso e muito mais...


Ver Loma no palco é sempre um grande prazer e uma grande satisfação, na minha opinião uma das mais belas vozes negras do estado com um lindo sorriso, simpatia e luminosidade...  Loma sempre brilha! Na minha memoria afetiva o que mais marcou talvez foi a participação dela no disco Noticia Urgente (1983) de Bebeto Alves, a musica Sonhos me emociona até as lágrimas sempre que escuto e ainda tenho o desejo e o sonho de um dia  vê-la interpretar esta bela canção ao vivo quiça com o próprio Bebeto Alves no violão... Taí, já lancei a ideia! ;)













Falando de grandes vozes femininas negras, ainda dentro da Semana da Consciência Negra, no próprio dia 20, aconteceu no Café Fon Fon o show De Amores e Samba de Glau Barros, mesmo não tendo diretamente o mote de fazer parte de uma alguma comemoração especifica da semana de consciência negra deve ser mencionado e celebrado neste contexto pois lá subia ao palco do Café Fon Fon uma cantora e atriz que tem uma participação atuante na luta pela conquista de espaços do negro dentro do espaço artístico da cidade. Glau além de excelente cantora faz parte do Caixa Preta Teatro Afronegro que sempre procura levar aos palcos a discussão sobre situação do negro. 
Sou suspeita para falar da Glau, como escrevi uma vez no meu Facebook apos assistir pela primeira vez o show de Amores e Sambas a mais de três anos transito pelo mesmo meio da amigos e acompanho de longe a carreira dela de longe, alguns aspectos da vida nos faziam circular próximas e distantes ao mesmo tempo...foi a pouco tempo que tive a oportunidade de conhecer de perto o trabalho desta grande mulher, negra e linda... e descobrir a pessoa iluminada que ela é...talvez por isso, e pelo grande prazer que é ouvi-la que não perco a oportunidade de assisti-la.
















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