sábado, 9 de janeiro de 2016

Racismo visto por quem vivencia ...




Na quinta-feira, dia 07, estive no Museu de Comunicação Social Hipólito Jose da Costa para prestigiar a abertura da Exposição Instituto de Educação na Luta Contra o Racismo. 
O que era para ser um simples trabalho escolar tomou proporções tão grandes, mexeu com conceitos e consciências dentro da escola que acabou indo para o rua, ou melhor, para uma exposição aberta ao publico em geral... 
Confesso que a exposição causa um desconforto e impacto muito grande quando começamos a visualiza-la e analisa-la quadro a quadro. Na abertura tivemos a oportunidade de estar junto com aqueles jovens inquietos e inteligentes, todos na faixa dos 16/18 anos, falando de suas experiencias e vivencias, contando porque decidiram abordar o tema do racismo desta forma tão forte e direta. 

A exposição é multimídia...  são vários cartazes com as fotos dos alunos mostrando cartazes com as frases racistas que por brincadeira ou de forma ofensiva fizeram parte de suas vidas... cada frase esta vinculada a uma experiencia pessoal. Os cartazes com as frases estão colocados no chão da sala de exposição, exatamente para que o visitante "pise" no racismo e além disso tem um vídeo onde aparecem os depoimentos dos professores e alunos que participaram deste projeto... 
  
Preconceito e racismo são assuntos sérios e precisamos banir algumas expressões que muitas vezes fluem de forma natural e espontânea, é necessário cuidar o que falamos e também o que pensamos... Tenho que admitir que, continuo achando que alguns aspectos deste discurso do politicamente correto muitas vezes me soa hipócrita e ofensivo... em algumas situações não são as palavras que ofendem mas o contexto como elas são empregadas e com quem são utilizadas.

Enquanto caminhava em frente de cada fotografia, lendo cartaz por cartaz, percebi quantas vezes eu sofri racismo... e isso acontece desde a infância mesmo nunca tendo me preocupado com isso naquela época visto que cresci com a  brincadeira do "nunca vi polaca preta..." , e já adulta, essas sim me incomodavam e ainda incomodam... quando olham o meu sobrenome, olham pra mim e fazem o comentário fatal: "Nossa! Os filhos devem ser muito bonitos..." como é dificil as pessoas aceitarem que uma pessoa morena com cabelos crespos tenha um sobrenome polonês... sim senhores, este nome é meu! De família! Era o sobrenome do meu pai, do meu avó... Assim como percebo também como o Brasil, pais mestiço, só aceita de fato esta miscigenação quando é para clarear a pele de sua gente onde as famílias começam um processo de escurecimento esta mistura de raças deixa de ser interessante. Infelizmente ainda vivemos em um pais profundamente racista e que tenta esconder "embaixo do tapete" esta sua situação, causa desconforto as pessoas admitirem que o racismo existe e é muito forte em todos os âmbitos da sociedade brasileira, até aquelas pessoas que dizem não ser racistas acabam segurando a bolsa, ou cruzar para o outro lado da calçada  ao passar um ou mais jovens negros nas ruas,,, 

Pense nisso...e visite esta exposição que estará no Museu de Comunicação Social Hipólito Jose da Costa até o final de fevereiro, os alunos do Instituto de Educação e seus professores estão de parabéns pela bela e forte abordagem do tema, olhe imagem por imagem e reflita de forma consciente e sincera sobre o assunte e a partir daí tenha a atitude que faz a mudança...


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